Atualmente, grande parte das maiores marcas têm chamado muita atenção ao aderir às causas sociais e se comprometer com ações de apoio aos valores de seus clientes: é a nova – e muito bem-vinda! – tendência do marketing inclusivo. Porém, elas ainda não praticam a inclusão digital, que é tão importante quanto, e por isso, começarei este artigo falando sobre o que é a inclusão digital antes de falar mais sobre o marketing digital inclusivo.
Um dos principais objetivos da inclusão digital é a disponibilização do acesso aos serviços online para a sociedade, trata-se da democratização das tecnologias nos diferentes níveis de ação.
De acordo com os dados estatísticos apresentados no portal “Internet Live Stats” no qual apresenta dados em tempo real sobre a utilização da internet no mundo, mais da metade da população mundial está conectada na internet (cerca de 4.487,9 bilhões de pessoas) considerando que no mundo temos aproximadamente 7.7 bilhões de pessoas.
Conforme o número de pessoas conectadas na internet cresce, aumenta ainda mais a necessidade de se promover a inclusão digital. No entanto, apesar de existirem iniciativas por parte das empresas, governo, terceiro setor e instituições na área da educação, elas ainda não são suficientes considerando a dimensão socioeconômica que o Brasil apresenta.
Ao trazer esta população para o digital seus hábitos de consumo são transformados e e estes indivíduos passam a ser consumidores digitais.
O grande desafio então passa a ser a comunicação com este público. Desenvolver estratégias de marketing pensadas para o digital de forma inclusiva é um grande diferencial dentro do marketing digital já praticado atualmente.
O marketing digital inclusivo tem como foco atingir o maior número de pessoas considerando toda a diversidade e incluindo as minorias sociais como: Pessoas com deficiência, diferentes raças, gênero, cultura, idade, renda, sexo, entre outras particularidades sem desconsiderar a individualidade de cada pessoa, isso é fundamental.
Uma pesquisa realizada pela Salesforce mostrou que 90% das pessoas que consomem produtos e serviços, acreditam que tornar o mundo melhor é responsabilidade das empresas, além de 87% acreditarem que as empresas tem a responsabilidade de atuar em defesa dos direitos humanos, o que mostra que é o momento em que devemos ter a compreensão de toda a diversidade do ser humano, e isso exige campanhas diversificadas.
A sociedade cansou de assistir propagandas e consumir conteúdos que retratam apenas um único tipo de pessoa. Hoje, todos querem enxergar a si mesmos e sentirem-se representados nos meios de comunicação. Para melhor compreensão destes conceitos, segue uma sequência de princípios básicos que devem ser utilizados, tanto para marketing digital inclusivo como marketing digital acessível:
1 – Acessibilidade na Web
Conforme a definição da Web Accessibility Initiative (WAI) “Acessibilidade na Web é dar acesso ao maior número de pessoas, incluindo pessoas com deficiência e idosos em igualdade dando a elas o direito de navegação, interação, entendimento e percepção.”
De acordo com o censo do IBGE de 2010, cerca de 24% da população brasileira possui alguma deficiência, incluindo pessoas com deficiência auditiva, motora, visual e mental, estas deficiências consideradas mais graves representam aproximadamente 6,7% da população conforme o último censo do IBGE.
Realizada em conjunto com a Hello Ressearch e a Secretaria da Pessoa com Deficiência – SMPED – da Prefeitura de São Paulo, uma pesquisa sobre cidades inteligentes onde, envolvendo pessoas com deficiência (foi a 1a. pesquisa online realizada no Brasil acessível, portanto, contamos com respondentes com deficiência). A pesquisa apontou que este público que acessa ambientes web enfrenta dificuldade de acesso ao navegar nas redes sociais, ler sites de notícia, comprar online, fazer cursos educacionais, comprar passagens aéreas, reservas em hotéis, etc…
Os resultados desta pesquisa, que é muito mais extensa, somente reforça e comprova a necessidade existente de pensarmos e sermos acessíveis tanto no quesito dos recursos de navegação quanto nos de comunicação e promoção.
O Governo Brasileiro, atento à questão, criou algumas leis para a promoção e defesa da acessibilidade como, por exemplo, a mais recente, chamada de Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) – (Lei nº 13.146 de 2015).
A LBI em seu artigo 63 torna obrigatória a acessibilidade nos sites brasileiros por empresas públicas e privadas, garantindo o acesso das pessoas com deficiência em igualdade de condições em todo conteúdo disponível na web, conforme o manual de diretrizes de acessibilidade da w3c, (acesse o link do manual aqui.)
Mas quais são estas diretrizes? Abaixo Seguem alguns exemplos de orientações básicas de acessibilidade que devem ser seguidas na WEB, e consequentemente, no marketing digital inclusivo por ser um ambiente online.
1.1 – Descrição das imagens
Um texto descritivo que irá dizer exatamente o que está na imagem, para que os leitores de tela possam ler para as pessoas que tenham alguma deficiência visual possam entender o que aquela imagem representa, como exemplo na figura 4 com a descrição: “Criança cheirando uma flor”.